80% dos habitantes de Buenos Aires asseguram que o serviço público com melhor desempenho é a iluminação pública.
Um estudo realizado pela Defensoria do Povo da cidade determinou que o serviço de iluminação pública é o mais importante no bem estar das pessoas – até mais do que a presença de policiais – a iluminação pública tem 84,4% de valorização. Esse apreço, junto ao grau de satisfação que existe em média sob todo o distrito, faz dessa prestação de serviço público a que tem melhor Índice de Desempenho.
A cidade, avaliada por seus habitantes: boa em semáforos e iluminação, regular quanto à polícia e as calçadas
Para muitos moradores da capital, a presença policial em seus bairros e o estado das ruas e calçadas perto de suas casas não está no nível de cumprir suas expectativas. Por outro lado, os serviços públicos melhor qualificados pelos portenhos, com a maior média no grau de satisfação, são a quantidade de semáforos e a iluminação pública. Os dados são de uma pesquisa feita no final do ano passado pela Defensoria do Povo da cidade.
O estudo foi realizado em novembro: 3643 moradores de todas as comunidades disseram sua opinião sobre oito itens administrados pelo governo local. Uma pergunta focou na satisfação pessoal que teriam os indivíduos sobre como são fornecidas essas prestações de serviços. Para que as avaliações fossem o mais concretas possível, os pesquisadores fizeram referência ao que acontecia nas quadras e/ou quarteirões dos entrevistados. A presença policial foi o serviço com imagem negativa mais alta. Dos entrevistados, 52,3% disseram não estar satisfeitos com a quantidade de efetivos que geralmente se encontram nos arredores de suas habitações.
A investigação incluiu também uma consulta com os moradores sobre qual a relevância que eles davam para cada um desses serviços, no sentido de quanto eles lhe contribuem ao seu bem estar cotidiano. Percebeu-se que a presença de policiais teve um alto grau de ponderação: quase 81% dos portenhos consideraram “muito importante” que haja efetivos em seus bairros.
Para unificar ambas as variáveis e avaliar a execução de cada serviço em função de quão importante ele é para as pessoas, a equipe da Defensoria do Povo criou um denominado Índice de Desempenho que surge a partir de uma equação matemática. Dalí, resultou-se que a comunidade 2, que é o bairro de Recoleta, teve o pior resultado sobre a questão de segurança. Para os habitantes dessa área a demanda de policiais assume uma importância vital, e sem dúvidas, a satisfação quanto à quantidade de efetivos é muito baixa, foi a conclusão que se chegou.
“Não é que não existam policiais, mas eles não são suficientes. Aqui existem muitos ataques, sobretudo porque se aproveitam dos turistas”,disse, enquanto caminhava apressada com destino ao trabalho, María Elena, de 55 anos. Ela vive em Ayacucho 1100, Recoleta. No outro lado da cidade, em Villa Lugano, também existem queixas sobre a segurança. “Se vêem policiais de vez em quanto. Tem que haver mais. Não podemos sair nas ruas tranquilos”, reclamou Alicia Altamirano.
A segunda pior qualificação ficou com o serviço de conservação e reparação de ruas e calçadas. Quase a metade dos portenhos (48,8%) teve uma imagem negativa a respeito. “Pouco a pouco a segurança está melhorando, porém o problema são as calçadas. Não se pode caminhar”, opinou Carlos Lucerna, que vive nas entre as vizinhanças de Virrey Cevallos e Alsina, no bairro de Monserrat, e descreveu que nesse local o caminho está “destruído”.
Quanto ao Índice de Desempenho desse serviço, ele foi mais baixo nas comunidades 12 (Saavedra, Coghlan, Villa Urquiza e Villa Pueyrredón) e 14 (Palermo). Os especialistas no cargo de leitura de dados consideraram que, provavelmente, a insatisfação nesses bairros não tem a ver com a falta de preservação, mais sim pela permanência de obras de reparação que geram reclamações nessas zonas com muito trânsito e densamente povoadas.
Adolfo Melaj, que vive no bairro Vélez Sarsfield, não hesitou em qualificar de “muito ruim” o serviço de reparação de calçadas. “Há cerca de sete anos que eu e minha família estamos reclamando para que consertem nossa calçada, em Cervantes 1456, que foi deixada destruída logo após uma obra de encanamento que fizeram na rua”, enfatizou no diálogo com o LA NACION. Porém, o homem não se posicionou apenas quanto ao seu descontentamento. Destacou a iluminação que existe em seu bairro como “Muito boa” e se mostrou satisfeito com a quantidade de semáforos.
Precisamente, do outro lado do ranking, a melhor nota se deu quanto à disponibilidade de semáforos que existem, em média, nas ruas portenhas. Mais da metade dos habitantes pesquisados (57,5%) se mostraram satisfeitos com a quantidade existente. Todavia, há aqueles, como Nicolás, que reside em Palermo, que se queixam pela falta de semáforos: “Em Cabrera, por exemplo, há alguns cruzamentos em que se é impossível atravessar. Ninguém te dá passagem”, expressou.
Os comentários mais positivos – em relação à importância que as pessoas dão para seu bem estar – foram coletados nas comunidades situadas geograficamente no centro da cidade: 5 (Almagro e Boedo), 6 (Caballito) e 7 (Flores e Parque Chacabuco). Em Caballito, por exemplo, o Índice de Desempenho dos semáforos é de 80%. Contudo, vale ressaltar que para os moradores esse é o serviço menos importante quanto à relevância na vida cotidiana. O que mais incide no bem estar das pessoas – até mais do que a presença de policiais e sempre de acordo com o relatório da Defensoria – é a iluminação pública com 84,4% de valorização. Esse apreço, junto ao grau de satisfação que existe em média sob todo o distrito, faz dessa prestação de serviço público a que tem melhor Índice de Desempenho.
“Para a iluminação pública (índice de 91,5%) se observa que existem duas comunidades, a 3 (Balvanera e San Cristóbal) e a 9 (Liniers, Mataderos e Parque Avellaneda) onde o serviço tem um Índice de Desempenho mais alto. Provavelmente vinculado à questão de segurança, pois a iluminação noturna normalmente está associada de forma positiva com essa problemática”, conclui a análise.
“Claramente, a sociedade necessita ter por perto a força da segurança, que está na sua quadra, em seu bairro. O problema de insegurança é recorrente nas grandes cidades do mundo, nas que, geralmente, são áreas estratégicas permanentes. No outro extremo, se encontra valorizado de maneira positiva a iluminação pública, que é um fator de prevenção importante”, refletiu o reeleito Defensor do Povo, Alejandro Amor.
Outras variáveis
A coleta de resíduos tem, em geral, uma boa imagem (positiva em 54,4%). É ainda melhor nas comunidades 4 ( Nueva Pompeya, Parque Patricios, Barracas e La Boca) e 7, onde se complementa a importância que dão os habitantes à prestação do serviço. Em contrapartida, em Palermo este serviço se encontra no último ranking, com o pior Índice de Desempenho. Das análises surge que, ao tratar-se de uma das zonas com “maior poder aquisitivo”, o que implica em maior consumo e resíduos, “provavelmente haja uma maior exigência para com esse serviço por parte dos habitantes que residem ali”.
Embora a quantidade de espaços vedes disponíveis esteja bem equilibrado nas comunidades como a 12, a 13 (Núñez, Belgrano e Colegiales) e a 14, os valores mais baixos do Índice de Desempenho se dão nas comunidades 3 (Balvanera e San Cristóbal) e 5 (Almagro e Boedo). São justamente estes quatro bairros os que mais deficientes estão nas recomendações que dá a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o ideal de metros quadrados “verdes” que deve existir por pessoa em uma cidade.
Pouco menos da metade dos portenhos respondeu satisfatoriamente pelo serviço de varredura e limpeza das ruas (48%), contra 33% que tiveram imagem negativa. Além disso, o cuidado dos arvoredos foi um item que dividiu opiniões entre os consultados já que recebeu classificações diversas.